5 lições valiosas que aprendi ao viajar quase 3 mil km de carro híbrido plug-in


Viajar é uma das experiências mais enriquecedoras que se pode ter. Quando essa experiência é realizada em um carro híbrido plug-in, as lições e descobertas podem ser ainda mais valiosas, tanto do ponto de vista prático quanto ambiental. A tecnologia dos carros híbridos plug-in não apenas promete economia de combustível, mas também contribui para a redução da emissão de poluentes. Neste artigo, abordaremos cinco lições que aprendi viajando quase 3 mil km em dois modelos de carros híbridos plug-in, explorando a estrada, a eficiência e a consciência ambiental.

A bateria não vai acabar (se você souber usar)

Um dos maiores mitos em torno dos carros híbridos plug-in é a questão da bateria acabar durante uma viagem. Esse temor é baseado na ideia de que, sem uma rede de recarga adequada, a viagem se tornaria um verdadeiro pesadelo, levando o motorista a um estado de pânico se a carga da bateria se esgotasse. No entanto, essa situação pode ser facilmente evitada com uma boa administração da energia.

Ao dirigir o Lexus NX 450h+, mantive o modo HV ativado, um recurso que permite a combinação do motor elétrico com o motor a combustão. Esse modo ajudou a otimizar o uso da bateria e me permitiu alcançar uma autonomia surpreendente. Durante uma das minhas viagens, consegui percorrer 400 km sem precisar parar para recarregar. O segredo? Usar as descidas para recuperar a energia da bateria e manter uma velocidade econômica.

Além disso, o GWM Haval H6 GT apresentou uma estratégia semelhante. Entretanto, sua característica distinta envolvia o uso do modo de travamento da carga da bateria. Isso significa que eu poderia escolher um nível mínimo de carga para proteger a bateria, garantindo que não ficaria “na mão” durante a viagem. A experiência mostrou que o manejo consciente da carga permite fazer distâncias significativas sem o temor constante de ficar sem energia.

Infraestrutura de recarga ainda é limitada

Viajar com um carro híbrido plug-in implica, inevitavelmente, lidar com a infraestrutura de recarga disponível. E, infelizmente, essa infraestrutura ainda é escassa no Brasil, sobretudo fora dos grandes centros urbanos. Com apenas cerca de 15 mil carregadores disponíveis, em contraste com quase 45 mil postos de combustíveis, fica claro que a estrutura necessária para suportar a crescente demanda por veículos elétricos ainda está em desenvolvimento.

Passei por essa realidade durante minhas viagens pelo Espírito Santo, onde encontrei dificuldades para localizar um ponto de recarga fora da capital. Essa experiência evidenciou a importância de planejar sua rota com antecedência. Conhecer onde estão localizados os eletropostos é crucial, principalmente em longas viagens. Alguns lugares ainda estão com carregadores lentos, o que torna a necessidade de administrar bem a carga da bateria ainda mais importante.

Em estados como São Paulo e Paraná, a situação era um pouco melhor, mas ainda havia desafios a serem superados. O fato de que 80% dos carregadores públicos são de corrente alternada (AC) e são lentos significa que, em uma viagem longa, é fundamental ficar atento a cada oportunidade de recarregar o veículo e otimizar o uso da tecnologia híbrida.

Não acredite em autonomias mirabolantes

Informações sobre autonomias extraordinárias para carros híbridos plug-in, frequentemente divulgadas por fabricantes, podem ser enganosas. Elas costumam se referir a cenários ideais e não refletem a realidade de rodovias e tráfego. Especialmente em ambientes onde o veículo precisa trabalhar mais, como em rodovias, a eficiência dos carros híbridos diminui.

Na prática, é extremamente difícil alcançar as autonomias prometidas, especialmente quando se considera que o motor a combustão tende a trabalhar de maneira mais intensa, funcionando também como gerador para a bateria. No entanto, após minhas duas experiências, percebi que é possível obter um alcance combinado próximo a 700 km, que é um número significativo para SUVs pesados. Aprender a dirigir de maneira eficiente — utilizando frenagens para regenerar a energia, por exemplo — é fundamental para maximizar a autonomia nas viagens.

Em viagens, use o modo EV como coringa

Um ponto extremamente positivo dos carros híbridos plug-in é a capacidade de rodar em modo totalmente elétrico, conhecido como modo EV. Esse recurso deve ser uma “arma secreta” dos motoristas em cidade. A dica que aprendi foi utilizar esse modo nas áreas urbanas que visitei, sempre que possível. Quando tinha a oportunidade de recarregar o carro antes de entrar na cidade, acabava economizando uma boa quantidade de combustível na hora de perambular pelas ruas.

O objetivo aqui é maximizar a eficiência do combustível. O modo EV permite que o motorista se desloque em trechos curtos sem consumir um único litro de gasolina, contribuindo, assim, para uma pegada de carbono menor durante a viagem. Isso não só aumenta a eficiência do carro, como também representa uma maneira consciente de diminuir as emissões durante os deslocamentos urbanos.

Motor a combustão como gerador é a autonomia mais “cara”

Por último, mas não menos importante, aprendi que contar com o motor a combustão como gerador de energia para a bateria pode sair mais caro do que recorrer a uma recarga externa. Durante a viagem, em alguns momentos, optei por utilizar o motor a combustão para garantir a autonomia do veículo. Embora fosse uma estratégia válida para manter o carro operante, essa solução muitas vezes implicava em um consumo de combustível muito maior.

A consciência do motorista é vital aqui. Conduzir de maneira racional, evitando acelerações bruscas e aproveitando as frenagens para regenerar energia, pode resultar em um impacto significativo na eficiência de combustível. Portanto, ainda que a opção de usar o motor a combustão como gerador exista, a melhor forma de garantir uma viagem sustentável e econômica é explorar as opções de recarga externa sempre que estiver disponível.

Perguntas frequentes

Qual o principal benefício de um carro híbrido plug-in?
O principal benefício é a economia de combustível e a redução de emissões de poluentes, uma vez que o carro pode operar em modo totalmente elétrico, reduzindo o uso do motor a combustão.

A infraestrutura de recarga no Brasil é adequada?
Atualmente, a infraestrutura de recarga é limitada fora das grandes cidades, tornando a necessidade de planejamento nas viagens um fator crucial.

Como maximizar a autonomia de um carro híbrido plug-in?
Utilizar modos de condução eficientes, como o modo HV ou EV em situações adequadas, e aproveitar descidas para regeneração da bateria são excelentes práticas.

É verdade que as autonomias das montadoras são exageradas?
Sim, frequentemente as autonomias prometidas são baseadas em cenários ideais que não refletem a realidade de uso em estradas, tornando-se difícil alcançá-las.

Como posso encontrar carregadores durante uma viagem?
Usar aplicativos ou sites que mapeiam a localização de eletropostos pode ajudar muito na hora de encontrar um ponto de recarga.

O motor a combustão deve ser a principal fonte de energia em um híbrido?
Não deve. Sempre que possível, a estratégia mais econômica e sustentável é optar pela recarga externa em vez de depender do motor a combustão para gerar energia.

Conclusão

As experiências vividas durante as praticamente 3 mil km rodados em carros híbridos plug-in trouxe lições valiosas. Desde a gestão da bateria até a importância da infraestrutura de recarga, cada aspecto explorado no caminho oferece um novo entendimento sobre as nuances desses veículos. Há algo inspirador e otimista sobre a ideia de que a tecnologia está se movendo em direção a um futuro mais sustentável, mas a jornada ainda está longe de ser perfeita.

Entender e explorar as limitações e possibilidades dos híbridos plug-in é essencial para qualquer motorista que deseje fazer uma escolha responsável e consciente. Ao aplicar essas cinco lições em futuras viagens, é possível não apenas desfrutar de trajetos mais longos de maneira eficiente, mas também contribuir para um planeta mais saudável. Assim, embarque nessa jornada com confiança, mantenha sua mente aberta e desfrute do caminho — tanto literal quanto figurativamente.